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Quiz do Salomão: qual investimento você escolheria?
É justamente na hora em que todos estão jogando a toalha que encontramos as grandes oportunidades de investimentos
“Tables, they turn sometimes”
(Someday, The Strokes)
Das duas alternativas abaixo, qual você escolheria para investir seu dinheiro?
OPÇÃO 1: uma classe de ativos cujo retorno médio nos últimos 24 meses foi de 15,9%, bem abaixo do CDI (25%). Vale dizer que os 20 melhores ativos desta classe renderam em média 37,5% em 24 meses (ou CDI + 12%), mas os 20 piores tiveram uma perda média 13,6%, ou “CDI – 38%”. Prazo de resgate médio: 30 dias.
OPÇÃO 2: uma classe cujo retorno médio dos ativos foi de 26,5% em 24 meses (levemente acima do CDI). Os “top 20” desta classe ficaram bem próximos da média, com os 20 melhores rendendo 28,4% e os 20 piores, 23,9%. Ah, e o melhor: prazo de resgate entre 0 e 1 dia.
Nem precisa fazer muito esforço para escolher a opção 2: com mais liquidez, você vai ter um retorno próximo do CDI.
Bom, o exercício acima é baseado em fatos reais: extraí os dados do ranking que meu amigo e fundador do Outliers Advisory, Samuel Ponsoni, publica mensalmente em suas redes sociais. A Opção 1 é a classe dos fundos multimercados. A Opção 2, os fundos de crédito de alta liquidez.
O exercício acima pode parecer bobo, mas carrega aí uma profunda reflexão sobre o momento atual da indústria de investimentos no Brasil e, em especial, os fundos multimercados.
Sabemos que rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro, mas é inevitável que o investidor, ao tomar como base esses números, deixe de lado os multimercados. Ainda mais porque o tal do CDI continuará na faixa dos 13% por um longo tempo, como mostra nossa curva de juros futuros.
Juros altos são um problema para a indústria de fundos em geral. Mas não tem como negar: a classe multimercado foi mal nos últimos 12, 24, 36 meses…
Com o resiliente e crescente CDI, a concorrência fica desleal e os investidores já tem sua preferência definida: basta ver quantas centenas de bilhões já foram resgatados dos fundos multimercados ao mesmo tempo em que os estoques das sopas de letrinhas da renda fixa (CRI, CRA, LCI e LCA) já chegam a trilhão de reais.
Hoje o investidor é bem pago para ser medíocre. Basta se acomodar num título de renda fixa isento de imposto de renda e pronto. “E o risco de crédito?”, alguém perguntaria. Fica tranquilo: o FGC te cobre em até R$ 250 mil se o emissor quebrar. Nem precisa fazer o “bond picking”.
(o parágrafo acima contém ironia. Ou talvez não).
Já sabemos que os juros ficarão altos por muito tempo. Assim como sabemos que as emissões das empresas isentas de IR continuarão acessíveis aos investidores. E, como vimos no profundo e espetacular episódio 151 do Market Makers, o Brasil desperta muitos motivos para sermos estruturalmente pessimistas com o nosso futuro.
Mas sabemos que é justamente na hora em que todos estão jogando a toalha que encontramos as grandes oportunidades de investimentos. Compre ao som de canhões, venda ao som de violinos.
A temporada de resultados do 3º trimestre das empresas brasileiras trouxe boas novidades, com muitas empresas da Carteira Market Makers entregando, mais uma vez, um crescimento operacional combinado com uma boa disciplina financeira. Um dos destaques foi a Valid (VLID3), que teve seu melhor trimestre da história.
Além dos números saudáveis, vale destacar o agressivo programa de recompras que algumas de nossas investidas têm promovido. É o caso de Allos e Mills, que recompraram 7,2 milhões e 1 milhão de ações, respectivamente. A própria empresa recomprar ações é um belo sinal de que esta empresa está num preço interessante para investir.
Não tenho dúvidas que o mercado de ações hoje reserva enormes oportunidades de longo prazo para o investidor que tiver paciência, paciência e, acima de tudo, paciência. Esta virtude foi, é e será testada por muitas vezes no caminho, mas o futuro tende a ser recompensador.
Mas e os multimercados: como ficarão no futuro? Será que essa classe voltará a ser um dia do tamanho que chegou dois anos atrás? O que eles precisarão fazer para se adaptar?
Todo mundo no mercado tem um palpite para o que pode acontecer. Mas para responder essa pergunta com menos achismo e mais “skin in the game”, entrevistarei nesta semana dois sócios de uma das mais importantes gestoras do Brasil. Falaremos de mercados e perspectivas de investimentos para 2025, mas também vamos abordar o ponto acima.
Aos membros do M3 Club: agradeço de coração pelo rápido esgotamento dos ingressos do nosso evento presencial que vai rolar nesta quinta, dia 21. A convidada ajudou a fazer com que as vagas acabassem rapidamente, mas de qualquer forma isso é uma grande chancela de que estamos entregando algo de muito valor para vocês. Obrigado!