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Como Marcos Lisboa salvou o PT do PT

O economista liberal infiltrado

Por Equipe Market Makers

14 Dec 2022 10h30 - atualizado em 14 Dec 2022 12h20

por Leonardo Siqueira, economista pela FGV

Na quinta-feira passada, Marcos Lisboa apresentou aos ouvintes do Market Makers um pouco da sua história e sua visão econômica do Brasil (confira aqui).

Muitas pessoas o conhecem pela presidência do Insper. Mas o que poucos sabem é que Lisboa teve uma participação fundamental nas eleições de 2002.

Naquele pleito, os principais candidatos a presidente eram: Lula (PT), José Serra (PSDB), Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS).

Para construir uma agenda econômica, Ciro Gomes procurou José Alexandre Scheinkman, um dos economistas brasileiros de maior impacto na comunidade acadêmica internacional. Na época, era professor de Princeton.

Scheinkman aceitou e contatou Marcos Lisboa.

Lisboa disse que gostaria de elaborar um documento com diagnósticos sobre os problemas brasileiros e propostas de políticas. Com uma condição: esse documento teria que ser distribuído aos assessores econômicos de TODOS os candidatos a presidente.

Esse documento se chamaria “A Agenda Perdida: diagnósticos e propostas para a retomada do crescimento com maior justiça social”. A Agenda Perdida seria coordenada e escrita por Scheinkman e Lisboa com base em trabalhos e discussões com outros 17 economistas.

Lisboa concluiu seu Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia em 1996 e foi contratado como professor pesquisador pela Universidade de Stanford. Essa é uma proeza de poucos. Tipicamente, a cada ano, as universidades formam uns 15 PhDs em economia e contratam 1 ou 2.

Após alguns anos em Stanford, Lisboa resolveu voltar ao Brasil. Quando Scheinkman o chamou, em 2002, era professor da FGV no RJ.

Lisboa é um economista liberal com uma visão moderna da economia baseada em dados e evidências. A Agenda Perdida ecoava essa visão liberal.

Em particular, a Agenda Perdida mostrava a necessidade de:

– Melhorar o ambiente de negócios;
– Diminuir o custo de abrir e fechar empresas;
– Reduzir as distorções setoriais causadas por impostos;
– Abertura do comércio internacional;
– Reformar o mercado de crédito.

Mas os planos do PT para a presidência tinham uma visão da economia completamente diferente.

Enquanto a Agenda Perdida propunha desatar as amarras que atrapalhavam os empreendedores, as resoluções do Encontro Nacional do PT em 2001 tinham como objetivo “DERROTAR O LIBERALISMO”.

Lula venceria a eleição e nomearia o médico e deputado eleito pelo PT Antonio Palocci como Ministro da Fazenda. Contudo, as ideias dos economistas do PT sobre a economia não entrariam no Ministério.

Para a Secretaria de Política Econômica, Palocci chamaria ele: Marcos Lisboa.

Lisboa, o economista liberal, era o oposto das ideias dos economistas “de esquerda”. Mas era a sua agenda que Palocci buscava trazer para a Economia. Isso mudou os rumos da economia do país.

Será que haverá um novo Marcos Lisboa no Governo eleito Lula? Esperamos que sim!

Essa história está no livro A Riqueza das Nações do Século XXI de Bernardo Guimarães, economista pesquisador da EESP/FGV.

Esse livro é excelente e recomendo a leitura.

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