Janeiro parece ter durado muito mais que os 31 dias de calendário. Começamos o mês com temperaturas baixas no termômetro, mas bem altas em Brasília – vide o “quase golpe” do dia 8. Mas terminamos janeiro com um clima mais com a cara do verão e com o dólar abaixo de R$ 5,00 (quem diria?). Infelizmente, não podemos dizer que o dólar baixo foi pela melhora por aqui.
Nos últimos dias, eu e o Matheus gastamos boas horas não só refletindo sobre o mês mas também realizando mudanças pontuais na Carteira Recomendada Market Makers – e que felizmente deram muito certo!
Nossa carteira está disponível apenas aos assinantes da Comunidade Market Makers. Mas como já avisei semana passada, não faça a assinatura agora: faremos um anúncio especial nesta semana que vai interessar muito quem quer virar membro da nossa comunidade. Aguarde novidades!
Voltando às reflexões: a CompoundLetter de hoje será um resumão de tudo que eu e o Matheus refletimos nos últimos dias. Confira:
– Brasil: o governo está flertando com a tragédia. Eu realmente queria acreditar no fato do Lula já ter sido presidente por 8 anos (e já saber como é esse jogo de poder) para esperar um lapso de pragmatismo. Mas não é o que estamos vendo. Sim, há uma impaciência do mercado maior com o Lula, mas ele pouco fez para melhorar esse clima. Falei mais sobre isso neste texto: R$ 110 bilhões preocupados com Brasil.
– Mas se está tão ruim, por que o dólar caiu? A resposta está no cenário externo, que melhorou muito nos últimos 40 dias. Os sinais de uma inflação mais contida nos EUA e na Europa ajustaram para baixo as projeções de juros por lá, enquanto a reabertura da China trouxe um vento positivo para os mercados. Nosso real, embora tenha se apreciado contra o dólar, ficamos bem atrás se comparado com outros emergentes.
– Podemos concluir que o Brasil teve mais sorte do que juízo neste começo de ano. E sorte não é demérito nenhum. “Com sorte você atravessa o mundo, sem sorte você não atravessa a rua”, diria Nelson Rodrigues. E como bem falou Samuel Pessôa no episódio 29 do Market Makers, vale a pena torcer para que o presidente do nosso país seja a pessoa mais sortuda do mundo.
– Também tivemos “sorte” com a nossa carteira. Reduzimos o peso de algumas ações da nossa carteira recomendada, algumas até em um nível bem significativo, diante da valorização que muitas delas tiveram mesmo com o cenário ainda mais complicado para Brasil. Fomos bem felizes no ponto desta redução: nosso foco não é fazer market timing, mas é bom ter a sorte ao nosso lado.
– Ficar confortável mesmo vendendo uma empresa que gosta muito: essa é a grande vantagem de fazer uma boa lição de casa de análise. Mais difícil do que comprar uma ação é decidir a melhor hora de vendê-la. Não temos uma fórmula mágica para isso, o nosso método é fazer uma análise bem profunda de cada empresa investida, pois quanto mais fatores técnicos tivermos, menor será o “peso emocional” na decisão. Reduzimos bem a posição em uma varejista que gostamos muito mas a relação risco-retorno não estava atrativa para nós. O movimento dela na bolsa nas últimas semanas ratificou nossa escolha.
– Hapvida é a prova de que não é porque uma ação caiu muito que ela não pode cair ainda mais. Acompanhamos a empresa desde o final do ano passado e, mesmo com uma queda de 75% nos últimos 24 meses, ainda não enxergamos a ação dentro de uma margem de segurança que nos deixe confortáveis para encarteirá-la.
– Janeiro foi o mês que mais interagimos com outras empresas e investidores. Os meses anteriores foram de foco na montagem da carteira, agora podemos nos aprofundar mais em outras teses. O caixa que fizemos em janeiro foi já pensando nas próximas ações que farão parte do nosso portfólio.
– Humor pra fevereiro: preocupado. O cenário lá fora melhorou os ânimos dos investidores, e isso que me preocupa: estava mais tranquilo quando o mercado todo estava preocupado. Essa falsa sensação de melhoria pode trazer uma reação mais dura do mercado caso as coisas voltem a piorar.
– Por aqui, monitoraremos as discussões técnicas sobre os juros. De todas as bravatas ditas pelo governo, a que mais me preocupou foi tudo que envolve a taxa de juros, dos protestos ao alto patamar dela aos questionamentos sobre a independência do BC. Apesar dos ruídos que isso gera, tenho esperança que isso traga uma discussão técnica importante: qual deveria ser a nova meta de inflação do BC? Sim, já parto do pressuposto que essa meta de inflação não condiz com a nossa realidade. No entanto, essa mudança precisa ter fundamento técnico, e não “porque o Lula quis assim”.
– Uma nova fase dos fundos multimercados. Nos últimos meses, tenho tido papos bem profundos com alocadores, analistas de fundos e gestores de FoFs (fundos de fundos). Falamos muito sobre a “nova cara” da indústria de fundos multimercados: apesar dos resgates líquidos de R$ 87,6 bilhões desta classe em 2022, algumas gestoras conseguiram ter forte captação no período e agora figuram entre as maiores do Brasil, ao mesmo tempo que algumas casas tradicionais tiveram duros resgates. Trarei mais reflexões sobre esse assunto (e o que o investidor pode tirar de conclusão com isso) nas próximas newsletters.
– Novos formatos de episódios no Market Makers: nesta semana, publicaremos um episódio no qual falamos da história da indústria de fundos no Brasil. Não lembro de ter aprendido tanta coisa nova num episódio como esse, espero que a audiência aprove para fazermos uma “parte 2” em breve. Outro formato que vamos lançar é uma conversa focada em empresas, dissecando cada ponto dela junto a outro investidor que conhece ela há muito tempo – um podcast com a essência Market Makers.
– EXTRA: 2ª edição da Copa do Mundo do Condado: no dia 28 deste mês, terá início a 2ª edição da Copa do Mundo do Condado de Futebol. Se na primeira edição tivemos apenas 7 equipes, nesta 2ª edição teremos 36 times (32 masculinos e 4 femininos). O campeonato será jogado no esquema “Copa do Mundo” e faremos o sorteio dos grupos nesta semana, com transmissão ao vivo direto do instagram oficial do torneio (@copadocondado). Além da diversão, o torneio terá caráter beneficente: cada jogador inscrito terá que doar no mínimo 1kg de alimento.
Apesar de mais curto e com um Carnaval no meio, fevereiro promete ser tão intenso quanto foi janeiro – pelo menos aqui no Market Makers.