Notícia
2min leitura
O que você faria se fosse “esse cidadão”?
Roberto Campos Neto é o primeiro grande bode expiatório do recém-formado governo
Convém a todo mandatário ter um inimigo externo no qual possa depositar a culpa por algum fracasso.
Se ele não existir de fato, não há problema em nomeá-lo unilateralmente e a sua revelia. O ideal, inclusive, é que assim seja feito para dificultar sua defesa.
Para o atual mandatário Luiz Inácio Lula da Silva, o inimigo externo hoje é Roberto Campos Neto, que, no raciocínio do presidente, o impede de chegar a seu objetivo político: entregar crescimento do PIB e renda à população.
“Eu vou esperar esse cidadão terminar o mandato dele para fazermos uma avaliação do que significou o Banco Central independente”, disse Lula se referindo a Campos Neto. “Não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%”, completou, em entrevista à RedeTV no último dia 2.
Parece que o presidente já prevê que sua política fiscal expansionista, demonstrada pela PEC da Transição, pode dificultar o atingimento de sua meta. Parece também que ele ignora o papel que a inflação tem nessa equação.
Mas o principal é que fazer de Roberto Campos Neto um espantalho político pode causar a interdição de um debate legítimo que interessa não só à Faria Lima, mas a todo o país: o das metas de inflação e das taxas de juros.
A política monetária brasileira é sustentada por duas regras: o regime de metas de inflação, adotado em 1999, e a autonomia do Banco Central para persegui-la, vigente desde o governo Bolsonaro.
Nesse sistema, o Banco Central estipula uma meta de inflação e regula a taxa básica de juros para atingi-la, sem se importar com a opinião de quem seja o presidente. A taxa de desemprego e o PIB também fazem parte do mandato, mas de forma secundária.
Esse mecanismo é consagrado mundo afora e busca trazer segurança e previsibilidade para a população e seus mercados.
O que não quer dizer que não haja espaço para debates, como:
- Como deve ser definida a meta de inflação?
- Ela deve ser a mesma para países desenvolvidos e emergentes?
- Quais os patamares ideais para a taxa de juros segurar a inflação?
- Como o Banco Central deve medir a expectativa de inflação do mercado?
Tudo isso pode e deve, sim, ser avaliado e debatido — e é isso que faremos hoje. Em um episódio ao vivo e especial, às 17h, vamos discutir como adultos, e não como políticos em campanha, as taxas de juros do Brasil, a atuação do Banco Central e de Roberto Campos Neto.
Nossos convidados serão gente que entende do assunto: Sergio Werlang, doutor em economia, professor da Fundação Getúlio Vargas, ex-diretor do Banco Central e um dos mentores do regime de metas do Brasil; e Braulio Borges, pesquisador do Ibre/FGV, economista sênior da LCA, mestre em economia e fonte recomendada pelo Samuel Pessôa.
Se você também acredita que não existe debate interditado, clique aqui, ative o sininho de seja avisado quando o programa começar. E não esqueça e mandar suas perguntas!