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Como os Moreira Salles cuidam de seus bilhões
Brasil Warrant Gestão de Investimentos: O Family Office de mais de R$ 48 bilhões
A CompoundLetter desta terça-feira foi escrita pelo criador do perfil snowballer.
O nome Moreira Salles é conhecido em todo o Brasil. Mas poucos em qualquer lugar do mundo estão familiarizados com o Family Office que administra sua vasta fortuna.
Ao mesmo tempo em que expandiam a sua atividade bancária, os Moreira Salles realizavam investimentos em vários outros setores. A diversificação dos negócios envolve a atuação do grupo nos setores de energia, siderurgia, químico e petroquímico, máquinas e equipamentos, mineração, agrícola, alimentos, turístico, além de investimentos na área cultural.
Do Itaú Unibanco à Eneva, das minas de nióbio em Araxá à fazenda em Matão, do IMS à revista Piauí, a influência do poderoso clã se faz visível nas artes, nas finanças e até nas sandálias Havaianas. Ao todo, é uma fortuna de mais de 20 bilhões de dólares, um dos mais impressionantes empreendimentos construídos pelos Moreira Salles, gerido discretamente, longe dos olhos do grande público.
Trata-se da Brasil Warrant Gestão de Investimentos um Family Office (para quem não conhece o termo, é basicamente uma sociedade limitada que administra os bens de uma família) que administra mais de R$ 48 bilhões em recursos do clã — valor que não inclui a fatia no Itaú.
A empresa tem um time de cerca de 50 pessoas em São Paulo e Nova York, que negocia ações, títulos, private equity, commodities e moedas em todo o mundo, mostram documentos regulatórios.
É uma operação comparável às maiores gestoras independentes de recursos de terceiros do Brasil. Um de seus principais fundos, o multimercado Mantiqueira, dá uma ideia do quão bem-sucedida a BWGI tem sido.
Gerido por Marcelo Kishimoto, ex-portfolio manager da Credit Suisse Hedging Griffo e ex-responsável pela mesa de trading de volatilidade na tesouraria do Itaú, o fundo Mantiqueira hoje tem cerca de R$ 10,7 bilhões sob gestão e rendeu mais de 170% nos últimos cinco anos, superando quase todos os seus pares.
O fundo tem liberdade para se alavancar, segundo seu regulamento, e prosperou com apostas em títulos do governo brasileiro e investimentos em ações de empresas estrangeiras.
A maior parte do dinheiro que a empresa administra é mantida em ativos de baixo risco que procuram igualar os retornos do mercado, com alta liquidez.
Hoje as maiores posições do Mantiqueira se concentram nos ETFs, desde o iShares TIPS Bond que procura rastrear os resultados do investimento de um índice composto por títulos do Tesouro dos EUA protegidos contra a inflação, como o IBOXX, (Investment Grade Corporate Bond) que procura rastrear os resultados de investimento de um índice composto por títulos corporativos com grau de investimento denominados em dólares americanos.
Nos últimos anos as operações da BWGI ficaram cada vez mais complexas, com a empresa trazendo novos talentos e criando seus próprios fundos multimercados, enquanto colocava uma parcela maior do dinheiro para trabalhar globalmente, de acordo com pessoas com conhecimento das operações da empresa.
Além da quantidade de dinheiro, é nesse ponto que os investimentos dos Moreira Salles mais diferem do brasileiro médio: a maior parte está em ativos internacionais. A BWGI tem quase dois terços de seu dinheiro fora do Brasil, o que não acontece com grande maioria dos investidores comuns, que além de viver, trabalhar e possuírem imóveis no país, ainda têm 100% de seu patrimônio atrelado ao “risco Brasil”.
A alternativa de enviar recursos para fora é um meio de descorrelacionar os seus recursos financeiros. Ter uma carteira de ativos exposta às moedas internacionais, como o dólar, representa um menor impacto dos efeitos da inflação local, traz lucro com ganhos da rentabilidade convencional, além de possíveis ganhos excedentes com a valorização das moedas, ainda que contenha o risco de desvalorização delas.
A criação de patrimônio é uma tarefa árdua, mas manter essa riqueza por longos períodos de tempo também não é tarefa fácil. Sabemos que você não tem os bilhões dos Moreira Salles nem acesso ao nióbio, mas não custa nada saber o que eles estão fazendo com seu dinheiro. Sempre se aprende alguma coisa.