Notícia
4min leitura
Será que política importa tanto assim no Brasil?
No fim do dia, o Brasil é apenas um fazendão
Como qualquer pessoa atenta e preocupada com os rumos do país, eu diria que sim: política importa. Acesso a saneamento básico, boa alimentação, educação de qualidade, saúde, tudo isso são condições necessárias para um país se desenvolver. Portanto, ter políticas públicas que promovam cada um desses pilares é de extrema importância e, podem fazer um país crescer produtividade e, consequentemente, a renda da sua população.
Tenho certeza de que sete dos oito leitores desta newsletter concordam comigo. Apesar de ser óbvia a necessidade das boas políticas, nós brasileiros, sabemos como ninguém, o quão difícil é promovê-las. Aqui no Market Makers, já conversamos com Marcos Lisboa, Marcos Mendes, Samuel Pessôa, Daniel Leichsenring, e com abordagens diferentes todos trouxeram que um dos grandes problemas do Brasil é a má alocação do dinheiro: o Brasil arrecada muito, mas gasta MUITO mal.
Por ser um mau alocador, quando o Brasil arrecada pouco as coisas ‘azedam’.
Por ser um país exportador de commodities (leia-se: produtos básicos extraídos da natureza como minério de ferro, soja, trigo, café, celulose etc.), a arrecadação brasileira é maior ou menor a depender da demanda e dos preços desses bens – minério e petróleo, principalmente.
Abaixo, as exportações brasileiras em 2021:
Da mesma forma, a demanda e os preços serão maiores ou menores a depender do nível de atividade econômica dos países que compram esses produtos, mais notoriamente a China (destino de quase 31% das nossas exportações), conforme podemos observar na imagem abaixo.
O agronegócio também é um setor relevante para o país: em 2021, a participação do setor no PIB brasileiro alcançou 24,8%, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).
Daí surge uma regra de bolso que aprendemos com João Landau, gestor da Vista Capital, no 1º episódio do Market Makers: o Brasil é uma grande fazenda. Se a Fazenda vai bem, a bolsa vai bem.
Eu acho que o Brasil no final do dia, é uma grande fazenda. O problema maior do Brasil é quando as commodities caem. A gente não tem contrafactual, mas a gente não sabe se a Dilma teria caído [tido impeachment] se o minério e o petróleo não tivessem ido para 10 dólares… o minério e o petróleo vão para 10 dólares, a arrecadação capota, o fiscal vai para o buraco, a atividade capota. Então assim, não sobra presidente nenhum, não tem jeito nenhum. Do mesmo jeito que a gente não sabe se o Lula estaria aqui possivelmente sendo candidato de novo se não tivesse pegado um rali de commodities, ou se o Bolsonaro estaria vivo ainda se ele não tivesse tido 2, 3 por cento do PIB para gasto extra porque pegou um rali de commodities.
João Landau, no ep. #01 do Market Makers
Não que política não seja importante, obviamente que é, mas para um investidor brasileiro, é extremamente importante reconhecer a influência da nossa fazenda no preço dos ativos.
Como o Brasil é um país endividado – 75% do nosso PIB é dívida – e nossos gastos, enquanto Estado, são praticamente fixos, é possível afirmar que somos um país alavancado e dependente do aumento de receitas (o novo arcabouço fiscal que o diga).
Portanto, da mesma forma que é difícil estimar os resultados de uma empresa alavancada, também é difícil prever a trajetória da dívida brasileira, uma vez que a arrecadação tem papel fundamental nesta equação.
Uma arrecadação pior, fará a relação dívida/PIB subir. Se essa relação sobe, o investidor (seja o local ou o estrangeiro) exigirá um ‘prêmio’ maior para financiar os gastos do país e, portanto, o juro terá que subir. Se o juro não subir num primeiro momento ou o cenário macroeconômico piorar, no limite, o investidor irá tirar dinheiro do país, o que consequentemente, fará o dólar subir e a inflação estressar. Se a inflação acelerar, o juro terá que subir.
Tudo isso para dizer que se a Fazenda vai bem, as empresas tendem a ir bem, se vai mal, elas tendem a seguir.
Abaixo, tracei o Ibovespa em dólar (laranja) com o índice de commodities:
Olhando sob outra perspectiva, agora como montagem de uma carteira de ações, se temos terra em abundância, solo fértil, clima tropical e reservas naturais sem precedentes, por que não ter uma parcela da carteira investida em empresas privilegiadas pela mãe natureza?
Mas isso é conversa para uma próxima CompoundLetter.
Enquanto isso, na próxima quarta-feira, os assinantes da Comunidade Market Makers terão acesso a um relatório completo sobre uma das teses que temos em carteira de uma empresa privilegiada pela mãe natureza e que só poderia dar tão certo no Brasil.
Quer acessar o relatório completo? Clique aqui e faça parte da Comunidade Market Makers.