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Mais um risco para você lidar
Preço do petróleo e o risco do rombo bilionário para o governo
Em uma conversa recente, um relevante agente do mercado financeiro me contou sobre um país que depende bastante do petróleo, e como isso o preocupa.
Entre 2015 e 2021, as receitas desse país com a commodity multiplicaram 4,7 vezes, de US$ 6,2 bilhões para US$ 30 bilhões (em valores de hoje).
Se o preço do petróleo cair substancialmente, esse país pode ficar sem dinheiro para honrar seus compromissos e ter problemas fiscais graves.
Além disso, a perda do patamar atual da commodity, em torno dos US$ 70, pode afetar até a balança de pagamentos desse país e diversos setores de sua economia podem acabar prejudicados.
Esse país não fica no Oriente Médio, fica na América do Sul. E não é a Venezuela.
Esse país é o Brasil.
Essa tese, nesses termos, era inédita para mim até minha conversa com o Sandro Sobral, head da tesouraria do Santander, no episódio do Market Makers da semana passada.
Desde nosso primeiro episódio sabemos que “o Brasil é uma fazenda” — como metonímia para sua dependência de commodities. Em alguns momentos, essa tese foi estendida para uma fazenda com uma mina, mas parece que neste momento estamos mais para uma fazenda com uma mina e um poço de petróleo.
Hoje, estados como o Rio de Janeiro têm o fiscal umbilicalmente ligado aos royalties do petróleo, segundo Sandro. Uma queda em seu preço, faz com que esses orçamentos não parem em pé.
Ao mesmo tempo, a Petrobras é uma das maiores pagadoras de dividendos do mundo. Como seu principal acionista é o governo, uma queda da cotação poderia piorar também as contas federais.
Se o barril chegar a US$ 50, podemos ter um déficit de R$ 50 bilhões. Imagine esse cenário em um contexto no qual o ministro da Fazenda, com um novo arcabouço fiscal para emplacar, busca R$ 150 bilhões para chegar atingir um superávit…
Prefiro não imaginar, mas agora é impossível. Como investidor brasileiro, preciso prestar atenção na política, no dólar, no minério, e agora me vejo também preocupado com o risco do petróleo.