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Seis lições de Guilherme de Affonso Ferreira
Como investe um dos maiores ativistas da bolsa
Conversar com investidores experientes é certeza de que vamos tirar lições valiosas. Foi assim quando trouxemos Ivan Sant’Anna, Luiz Cezar Fernandes e Roberto Vinháes ao Market Makers. E também foi assim ontem, com Guilherme Affonso Ferreira.
Guilherme é um dos maiores investidores ativistas do Brasil. Começou na Bolsa ainda nos anos 1980, quando adquiriu ações do Unibanco pensando em fazer o dinheiro render e comprar os concorrentes da empresa de sua família — uma revenda Caterpillar localizada na Bahia.
Algumas décadas depois, ele é um dos maiores investidores do Brasil e tem uma larga experiência como conselheiro e acionista ativista em empresas de capital aberto. Ele foi um dos membros do conselho da Petrobras que ajudou a empresa a dar a volta por cima, entre 2015 e 2018. Também esteve na Gafisa e na Eternit em momentos difíceis das empresas, além do Unibanco. Hoje é conselheiro de M. Dias Branco, 3R, Mitre, Arezzo e B3. De toda essa experiência extraímos as lições que você lê abaixo.
1) Preste atenção nos setores derrotados
Guilherme começa a escolher ações olhando para onde os outros olham com desdém. É nesses lugares que estão empresas que podem melhorar, portanto, se valorizar de modo relevante. “A primeira coisa é ver indústrias que estão massacradas. Olho para os setores que o mercado passou a condenar, derrotados.”
2) Pagar 10 pode ser melhor que pagar 1
Escolhido o setor, ele se volta às ações que mais podem se valorizar, não levando em consideração apenas o preço dos ativos. É mais importante pensar no teto do preço da empresa que no seu piso neste momento. “Comprar por 1 o que vale 10 é pior que pagar 10 no que vale 1000”, resume Guilherme. Isso implica em não comprar as melhores, mas sim as que podem melhorar mais. “Necessariamente não é a melhor do setor”, completa.
3) Resiliência de verdade
Para Guilherme, resiliência é uma característica necessária para quem está no mercado de ações e quer obter bons retornos. Quem não tem certeza do que compra e do preço ao qual pode chegar, vende antes da hora. “Todos sabem o que é resiliência e pensam que praticam, mas, na prática, no primeiro movimentozinho acham que está na hora de sair”.
4) Desconfie de analistas de escritório
Para entender as empresas de verdade, é preciso gastar sola de sapato e visitá-las. “Até hoje desconfio de analista que não sai do escritório. Não dá pra ficar só lendo balanço achando que está tudo bom.”
5) “Empresa de dono”
Em todos os investimentos do Guilherme ele fala sobre a importância das pessoas que tocam os negócios, como no caso do Unibanco, no qual ele investiu por 24 anos, obtendo retorno de 70% ao ano em dólares. Perguntamos para ele se, portanto, empresas “de dono” são melhores que as corporações. “Não precisa ser necessariamente o dono, mas é importante ter uma figura que toca o piano, que sabe o que fazer.”
6) Sobre diversificação
“Se você tiver certeza que sua tese é boa, é só uma questão de resiliência”, diz Guilherme. Mas ninguém nunca tem certeza absoluta de nada, então é preciso diversificiar. “Diversificação é fraqueza. É a incerteza que eu tenho, então eu diversifico”, conclui.
Confira agora o episódio completo com um dos maiores ativistas da bolsa brasileira no canal do Market Makers.