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O que ninguém te conta sobre Buffett

Até mesmo os maiores investidores do mundo podem estar frequentemente errados

Josué Guedes

Por Josué Guedes

12 Jul 2023 11h28 - atualizado em 12 Jul 2023 11h28

O que ninguém te conta sobre Buffett

“O que importa não é estar certo ou errado, mas o quanto de dinheiro você ganha quando está certo e o quanto você perde quando está errado.”

– George Soros

A maioria das empresas de capital aberto fracassa.

A maioria dos investidores não bate o índice.

Apesar desta realidade aparentemente desestimulante, ainda é possível estar errado na maior parte de suas decisões como investidor e ganhar dinheiro no mercado.

Segundo Morgan Housel, autor de A Psicologia Financeira, isso pode parecer contraintuitivo, mas apenas demonstra a teimosia humana em subestimar como é absolutamente normal a maioria das coisas não dar certo.

Isso ocorre pela tendência humana em prestar mais atenção em coisas grandiosas, exponenciais, lucrativas, famosas etc. Ao mesmo tempo em que esquece que esses resultados são frutos de eventos de cauda — a extremidade da distribuição de probabilidades. Em outras palavras, a exceção.

Ao compreender que esses fenômenos orientam praticamente tudo no mundo dos negócios e investimentos, torna-se normal aceitar que muitas coisas dão errado, fracassam ou despencam.

Mas o bombardeamento diário de notícias e histórias de sucesso ou desempenho acima da média nos faz acreditar que o que importa é nunca perder (ou errar) — o que não poderia estar mais errado.

Veja Warren Buffett, o exemplo máximo de história de sucesso no mercado.

Seus acertos são utilizados diariamente na internet para demonstrar sua genialidade como investidor.

Porém pouco se fala sobre seus erros (ou acertos medianos).

Em 2013, em uma reunião da Berkshire, em Omaha, Buffett comentou que teve entre quatrocentas e quinhentas ações durante a vida, mas que ganhou a maior parte do seu dinheiro com apenas dez delas.

“Se descontássemos alguns dos principais investimentos da Berkshire, o histórico de longo prazo da empresa seria bem mediano”, completou Charlie Munger.

Ou seja, tirando os eventos de cauda (acertos muito acima da média), o Oráculo de Omaha provavelmente seria apenas o Sr. Buffett de Omaha.

Esse fato não diminui em nada a competência da dupla Buffett & Munger, mas traz outra perspectiva sobre o comportamento do investidor perante o mercado.

“Quando prestamos atenção especial aos sucessos de um modelo de comportamento, ignoramos que os seus ganhos vieram de uma pequena porcentagem das suas ações. Isso faz com que nossas próprias falhas, perdas e contratempos nos deem a sensação de que estamos fazendo algo errado. Contudo, é possível que estejamos errados, ou apenas meio certos, na mesma medida em que os ‘mestres’ estão. Eles podem ter estado mais certos quando estavam certos, mas também podem ter estado errados com a mesma frequência que você”, resume de forma brilhante Morgan Housel.

Então, é possível sim estar errado metade das vezes, e, ainda assim, ter um desempenho acima da média.

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