Em 2014, ano em que Dilma Rousseff tentava a reeleição, a Empiricus lançou a campanha O Fim do Brasil. Nela, a casa apontava que as medidas do então governo do PT eram um atentado contra o tripé macroeconômico (metas de inflação, metas fiscais e câmbio flutuante), e que iriam causar uma tragédia no país.
Com Dilma reeleita, o que aconteceu na economia brasileira foi exatamente o que a campanha previu: um colapso. O PIB caiu, a inflação subiu, o desemprego aumentou.
Tudo isso, obviamente, fez o mercado passar a ter muitas ressalvas com o PT, para pôr de um jeito educado. Quando o partido venceu mais uma vez as eleições, no ano passado, as memórias do governo Dilma foram reavivadas na Faria Lima e a desconfiança geral com o PT aumentou ainda mais.
Como demonstramos no episódio 49, com Sandro Sobral, essa desconfiança fez com que muita gente perdesse o bonde da alta da Bolsa que aconteceu de março para cá. Enquanto esperavam o Fim do Brasil, perderam um rally.
Uma das honrosas exceções foi a AZ Quest. Em sua participação no Market Makers publicado ontem, o CEO da gestora, Walter Maciel, explicou por que não se deixou levar pelos ruídos que acabaram ludibriando grande parte do mercado. É como se um Brasil um pouco melhor tivesse emergido.
O primeiro argumento é o de que o Brasil passou por mudanças estruturais, como as reformas da Previdência e Trabalhista, privatização da Eletrobras, marco do gás e marco do saneamento, que ainda não se refletem nos modelos de analistas e gestores. Por causa disso, segundo Walter, as previsões do PIB têm saído tão erradas nos últimos anos.
Outra mudança que deixa o CEO da AZ Quest otimista é o Congresso. Depois do governo Dilma, “o Congresso foi progressivamente mais para o centro e para a direita, e há uma preocupação genuína com o gasto público“, diz. Uma prova desse novo DNA do Legislativo seria a predisposição do próprio presidente da Câmara em impedir retrocessos, como a tentativa de mudanças no marco do saneamento.
Tudo isso culmina no que vimos nos últimos meses: o próprio PT entregando para o Congresso um arcabouço fiscal para ser votado e implementado. Para Walter, essas são provas de que o velho Brasil de Dilma dificilmente volta.