“O melhor momento para comprar uma empresa estatal é quando um governo de orientação liberal assume, porque aí começa a haver uma melhoria na companhia. Os fundos que ganharam dinheiro com Copel foram os que acreditaram, ali no começo do [primeiro] governo Ratinho Junior, nos sinais que foram dados de que a empresa faria um turnaround. Ela foi privatizada cinco anos depois (…) mas o melhor momento foi o primeiro governo dele.”
A teoria sobre o timing para a compra das ações de uma estatal é do gestor Fabiano Custódio, da Miles Capital. Ela foi exposta no episódio 62 do Market Makers no qual o foco eram as empresas de utilidades públicas.
Oito episódios depois, coincidentemente, recebemos alguém que viveu exatamente isso em seu fundo. Estamos falando de Christian Keleti, da AlphaKey, convidado do episódio que foi ao ar ontem do Market Makers. A Copel é hoje a maior ação da carteira da gestora.
“Na primeira semana de 2019 conheci o indicado por Ratinho Jr, atual governador do Estado do Paraná. Ele me contou dos projetos, do respaldo do governador para mudar a empresa, que tinha feito péssima alocação de capital nos governos antigos. Ela era eternamente barata porque tinha só histórias ruins para contar”, explica Keleti. “Quando Daniel [Slaviero, presidente da companhia] chegou, começou a mexer em custos. Era um forasteiro sem amarras, da iniciativa privada, sem experiência no setor elétrico”, continua.
Depois de nove meses sob novo comando, a Copel se transformou, ganhou eficiência, aumentou o Ebitda e virou uma estatal referência. Em setembro deste ano, o governo do Estado vendeu o controle da companhia.
“Com a privatização ela pode fazer mais coisas que estavam amarradas, como vender sua empresa de gás, vender a [usina] térmica de Araucária e focar na operação de distribuição, geração e transmissão”, completa Keleti, falando sobre o futuro da empresa. Hoje a companhia é a maior posição da gestora, representando 10% do fundo.
Essa é apenas uma das teses de investimento do programa. Keleti também falou sobre GetNinjas — o trade de 100% com uma companhia em apuros —, Allos, Bradesco, Renner e Natura. Ele também contou a história da Hedging-Griffo, que viveu de dentro da companhia, e muitas outras histórias dos seus mais de 20 anos de mercado financeiro.