Um dos aprendizados que as inúmeras leituras de Warren Buffett, Charlie Munger e Benjamin Graham me trouxeram é a inteligência e frieza deles de se aproveitarem da bipolaridade do Sr. Mercado para adquirirem boas empresas a bons preços. Fácil falar, mas difícil de praticar.
Muitos acadêmicos gostam de definir o risco de um investimento como a oscilação relativa de uma ação quando comparada a uma carteira de ações. Na opinião deles, quanto maior a oscilação do papel, maior o risco do investimento. De acordo com essa teoria, uma ação que derrete de preço quando comparada ao mercado – como tem sido os últimos pregões de Vivara, com a ação caindo 30% do pico de janeiro – se torna mais ‘arriscada’ num preço menor do que quando estava mais cara.
No entanto, o verdadeiro investidor deveria abraçar a volatilidade. Benjamin Graham explicou o porquê no capítulo 8 do livro O Investidor Inteligente. Foi ali que ele introduziu o “Sr. Mercado”, um sujeito prestativo que aparece todos os dias para comprar ou vender para você, o que você quiser. Quanto mais maníaco depressivo esse sujeito é, maiores as oportunidades disponíveis para o investidor inteligente.
Em nossa opinião, Vivara é uma dessas oportunidades que o Sr. Mercado parece estar nos dando.
Isso não significa que a ação não possa se desvalorizar mais, sem dúvida pode, mas quando olhamos para o negócio em si, ao invés de olharmos para as cotações, continuamos enxergando uma franquia que possui uma vantagem competitiva composta por três atributos difíceis de encontrar em outras empresas do setor de joalherias e demais varejistas brasileiras, são eles:
i) economia de escala: com um market-share de 19,6% – quase 6 vezes maior que o concorrente – a Vivara tem um modelo de negócios verticalizado e difícil de replicar;
ii) relevância: medimos relevância em função do crescimento de vendas e do market-share da empresa no setor ao longo do tempo. A Vivara não só tem crescido vendas como também cresceu market-share consistentemente ao longo dos últimos anos;
iii) poder para repassar preços: mesmo com a sua principal matéria-prima, o ouro, atingindo máximas históricas (bateu $2,290 a onça nesta manhã), a Vivara tem conseguido sustentar uma margem bruta entre ao redor de 70%.
Acreditamos que esses três atributos são uma combinação poderosa que sustentarão o plano de crescimento e a rentabilidade da Vivara nos próximos anos, turbinada, principalmente, pela Life, a maior aposta de crescimento da companhia.
Apesar da cicatriz que se abriu na Governança Corporativa da empresa, não acreditamos, por hora, que a volta do Nelson Kaufman (fundador e atual presidente do Conselho de Administração da empresa) ao dia-a-dia da empresa fará ela perder a vantagem competitiva que fez dela a maior joalheria do país.
Isso não significa que gostamos de ouvir as atrocidades que ele trouxe em uma conversa com analistas, só não acreditamos que as suas falas são suficientes para deixarmos de acreditar nas capacidades da empresa.
Para o investidor inteligente (e paciente), o melhor negócio para comprar é aquele que durante um longo período de tempo vai conseguir empregar o dinheiro gerado nas operações com retornos muito elevados. Para nós, esse é o caso de Vivara.
Eu e o Thiago Salomão pudemos explorar os motivos pelos quais ainda continuamos gostando de Vivara no Mercado Aberto que soltamos ontem.