Muito se discute no mercado sobre a eficácia do day trade (operações com prazo menor que um dia) e a verdade é que, como qualquer outra estratégia no mercado, o day trade é lucrativo para alguns enquanto traz prejuízo para outros. Mas um estudo da FGV publicado em 2019 trouxe resultados desanimadores para os entusiastas do day trade: 97% dos investidores que fizeram day trade com minicontratos de índice ou dólar perderam dinheiro e 92% desistiram deste tipo de operação em menos de um ano.
Por outro lado, dados mais recentes (a pesquisa da FGV se limitou aos anos de 2012 a 2017) mostram uma perspectiva diferente: a maioria das pessoas acerta mais do que erra nas operações de day trade. Esta estatística foi mencionada no episódio #96 do Market Makers por André Antunes, trader profissional e fundador da Scalper, empresa de educação que já formou mais de 2,5 milhões de alunos, especialmente day traders.
É difícil acreditar que em poucos anos o day trade tenha se transformado de uma atividade não lucrativa em algo viável para a maioria das pessoas. A explicação mais provável, que concilia a pesquisa da FGV com as estatísticas recentes, é que embora as pessoas acertem mais do que erram, o tamanho das perdas supera bastante o dos ganhos. E isso ocorre porque muitos têm medo de errar quando estão certos, realizando lucros pequenos, enquanto quando erram continuam alimentando a esperança de estarem certos, segurando a posição em prejuízo – e na maioria das vezes dobrando a aposta, até acabar todo o dinheiro.
Para combater este viés, é necessário um processo bem definido de gerenciamento de risco, o que na prática significa aceitar prejuízos. André Antunes aprendeu esta lição em 2008 quando era cliente da Interfloat, a primeira corretora voltada para pessoas físicas do Brasil. Uma de suas inspirações foi o próprio fundador da Interfloat, Roberto Lombardi, que também participou do episódio #96. André conta que Lombardi sempre dizia: “aprenda o jogo, tem que estar sempre preparado para perder”.
Além de fundar a Interfloat, Lombardi também foi o idealizador dos minicontratos (lotes menores de índices e moedas) e acompanhou de perto toda a evolução da bolsa desde que começou a investir em 1989, quando comprou o raro título de operador especial de pregão.
Obviamente que o day trade foi apenas um dos tópicos de uma conversa com muitas lições de trading mas, principalmente, com muita história de mercado: Lombardi contou como foi parar no mercado financeiro, a trajetória de crescimento da Interfloat, como ele ganhou rios de dinheiro quando Naji Nahas quebrou a bolsa do Rio de Janeiro, a batalha para a criação dos minicontratos, a transição do pregão viva-voz para o pregão eletrônico, entre outros eventos marcantes, também comentados por André Antunes.
Se você ainda não assistiu a este episódio imperdível, clique aqui para assistir.