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O diálogo entre o gato e a Alice

O diálogo entre o gato e a Alice traz a ideia de que para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho importa. Isso traz uma reflexão para nós, investidores da Bolsa

Matheus Soares

Por Matheus Soares

24 Jun 2024 12h15 - atualizado em 24 Jun 2024 12h17

O diálogo entre o gato e a Alice

Um dia, Alice chegou a uma bifurcação na estrada e viu um gato de Cheshire em uma árvore.

“Qual caminho devo seguir?” ela perguntou.

“Para onde você quer ir?” foi a resposta dele.

“Eu não sei,” respondeu Alice.

“Então,” disse o gato, “não importa.”

Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas

Esse fim de semana eu devorei metade do livro “A equação da felicidade” de Neil Pasricha. O diálogo acima, inclusive, foi retirado dele. Eu gosto de intercalar leituras sobre finanças, contabilidade e investimento com leituras leves que trazem coisas óbvias que deveríamos nos lembrar diariamente – não sei que nome dar a esse tipo de leitura; auto-ajuda talvez?

O diálogo entre o gato e a Alice traz a ideia de que para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho importa. E não saber aonde quer chegar quase sempre é péssimo, afinal, se você não tem um objetivo ou destino específico em mente vai lhe faltar:

  1. Direção e propósito: Sem um objetivo claro, pode ser difícil encontrar motivação e propósito no que se faz.
  2. Perda de tempo e dinheiro: Sem um plano, pode-se gastar tempo e dinheiro em atividades que não contribuem para o crescimento ou realização pessoal, podendo levar a uma sensação de desperdício e frustração.
  3. Dificuldade em tomar decisões: Quando não se tem um destino em mente, cada decisão pode parecer igualmente válida, tornando difícil escolher um caminho.
  4. Sentimento de estagnação: Sem metas, pode-se sentir que não está progredindo e evoluindo na vida.
  5. Falta de realização: Metas e objetivos nos ajudam a sentir que estamos alcançando algo e fazendo progresso.

Nas minhas interações com as empresas da carteira – e potenciais entrantes – um dos meus objetivos é entender aonde a empresa quer chegar.

Recentemente tive uma interação sobre Magazine Luiza com um investidor e com um funcionário da empresa (parecido com o diálogo entre o gato e a Alice, mas não direi quem é quem).

Eu bati muito nessa tecla: quem a Magalu quer ser no futuro? Será que ela quer realmente competir com Mercado Livre e Amazon? Me parece que sim!

“Pensando que a empresa precisa continuar expandindo, se não for pra mirar nesses players, iria pra onde?”, me confidenciou o funcionário.

“Vai ser o número 3 e não vai ganhar R$”, rebateu o investidor.

Muitas vezes a empresa até sabe onde quer chegar, mas talvez não entenda as consequências disso. Não sei se esse é o caso da Magalu pra falar a verdade, mas eu particularmente não consigo entender quem ela quer ser e acredito que competir com essas duas empresas no 3P vai continuar consumindo caixa (e tempo) da empresa.

Ou seja, não basta a empresa saber para onde está indo. Ela precisa convencer o analista – e o mercado – que a sua estratégia será bem-sucedida e além disso entregar resultados que comprovem que ela está no caminho certo. Esse seria o melhor dos mundos, que é a narrativa indo de encontro aos números, já diria o professor Aswath Damodaran.

No episódio 102, Fernando de Rizzo (CEO da Tupy) desmistificou o tema transição energética e trouxe detalhes sobre a Tupy do futuro, a qual trimestre após trimestre ele vem chamando de A NOVA TUPY.

A direção é clara: ela quer descarbonizar o Brasil a partir de soluções como a geração de biocombustíveis a partir dos resíduos de porco capazes de produzir 70% do consumo de diesel do Brasil. Missão essa que contrasta com a ideia consensual do mercado de que a empresa está inserida em um negócio que morre lentamente, que é o de produção de componentes estruturais que servem motores à combustão.

Fernando de Rizzo deu uma aula sobre a transição energética, deu insights valiosos sobre A NOVA TUPY e de quebra contou porque 2025 pode ser o ano dela!

O episódio vem após diversos relatórios do sell side adotarem uma visão negativa sobre os próximos trimestres de 2024, cenário que não discordamos, mas que para nós é quase irrelevante quando analisamos o que a empresa pode ser no futuro.

Afinal, investir com foco no longo prazo é o caminho que buscamos perseguir aqui no Market Makers.

CEO DA TUPY NO MARKET MAKERS

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Matheus Soares
Por Matheus Soares

Fundador do Market Makers, analista responsável pela Carteira Market Makers de Ações. Antes de fundar o MMakers, foi analista responsável pela cobertura de Small Caps na XP Inc e analista fundamentalista da Rico Investimentos. Certificado no curso de Value Investing da Columbia Business School.

matheus.soares@mmakers.com.br