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O trade no Japão que ainda pode machucar muito investidor ao redor do mundo
O trade vendido em iene ao mesmo tempo em que os juros subiram no Japão após 15 anos com a possibilidade de vários países cortarem juros, fez com que começássemos a ver um desmonte de posições
A CompoundLetter de hoje terá que ser um pouquinho mais curta já que estamos em plena temporada de resultados do 2º trimestre. Estou focado em analisar balanços para, como de costume, dar um suporte aos membros do M3 Club, que têm acesso à carteira premium do clube.
Mas não queria deixar de compartilhar com você o que pra mim é a tônica da semana: o carry trade do iene e a volatilidade que esse evento gerou nos mercados globais.
Eu, particularmente, fui dormir preocupado no domingo a noite: bolsas asiáticas despencando, bolsas americanas derretendo, o VIX – conhecido como o índice do medo por medir a volatilidade das opções americanas – atingindo níveis vistos somente durante a grande crise financeira ou mesmo na COVID apontavam para uma segunda-feira incerta e turbulenta.
O que eu não imaginava é que o grande vilão dessa turbulência fosse o trade vendido em iene e comprado em dólar, peso mexicano, peso colombiano ou mesmo nas sete magníficas. Aliás, o índice do mercado de ações japonês, o Topix, fechou a segunda-feira em queda de 12%, seu pior desempenho desde 1987.
Para você ter uma ideia, os investidores japoneses são, em termos líquidos, os maiores credores da economia mundial, com mais de US$ 10 trilhões em ativos estrangeiros até o final do ano passado. E a explicação para isso é simples: nos últimos 15 anos a taxa de juros no Japão ficou ao redor de 0%, fazendo com que muitos investidores utilizassem a moeda japonesa para financiar posições compradas em outros ativos. A esse tipo de operação o mercado coloca o nome de carry trade.
Nos últimos 18 meses esse trade se tornou ainda mais consensual ao passo que o Fed (Banco Central dos Estados Unidos) subia as taxas de juros para o intervalo entre 5,25% e 5,50% enquanto o Banco do Japão mantinha o juro em 0%. O iene afundou contra o dólar.
A moeda mais fraca fez com que as empresas exportadoras japonesas divulgassem lucros surpreendentes e acabou por atrair investidores estrangeiros para o mercado de ações japonês. Entre 2023 e o primeiro semestre de 2024, cerca de US$ 60 bilhões migraram para lá.
Só que ninguém contava com dois eventos que aconteceram muito próximos um do outro, são eles:
1) No dia 31 de julho, o Banco do Japão subiu a taxa de juro do país para 0,25%, o maior patamar em 15 anos; e
2) Aumento da probabilidade de recessão nos Estados Unidos após dados de emprego muito fracos na sexta-feira com o mercado passando a precificar 1 ponto percentual de queda dos juros americanos até o final de 2024.
O trade vendido em iene ao mesmo tempo em que os juros subiram no Japão após 15 anos com a possibilidade de vários países cortarem juros, fez com que começássemos a ver um desmonte de posições.
De um lado, o iene se fortaleceu; do outro, moedas como peso mexicano e colombiano, bem como o Nasdaq, se desvalorizaram fortemente:
Até onde o movimento pode continuar é difícil saber. Ontem mesmo o Topix avançou 9,3%, mas a posição técnica do mercado já não é favorável.
Conforme o perfil Global_Macro twittou, ainda há muitas posições vendidas em iene que são prejudicadas conforme a moeda se valoriza. E ainda há muitas posições compradas em empresas de tecnologia dos EUA que são prejudicadas à medida que as ações caem:
Por hoje é só, agora deixa eu ir escutar as teleconferências dos resultados das empresas da carteira. Se você é membro do M3 Club, fique atento que, em breve, enviaremos os destaques da temporada de resultados.
Aliás, membros, lembrem-se: dia 23 de agosto, temos um encontro a portas fechadas marcado com Ilson Bressan (CEO da Valid, empresa que está na carteira do clube) num espaço do BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina.
É uma oportunidade única de networking e aprendizados com um grande executivo e, claro, com os demais membros do clube.
Se perdeu os outros papos exclusivos, como o com Rafael Sales, CEO da Allos (ALOS3), e com a turma da Truxt, lembre-se que temos tudo gravado na plataforma do M3.
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