Notícia

4min leitura

icon-book

Uma aula de Value Investing

Apelidado pelo próprio Munger como 'Warren Bufett chinês', Li Lu guarda consigo um verdadeiro tesouro para os que acreditam na filosofia value investing

Matheus Soares

Por Matheus Soares

04 Sep 2024 16h37 - atualizado em 04 Sep 2024 04h41

Uma aula de Value Investing

De tempos em tempos eu gosto de assistir ‘aulas’ gratuitas disponíveis no Youtube de investidores que eu admiro e cuja filosofia de investimentos se assemelha à que temos no Market Makers. Eu faço isso para reforçar as convicções que eu acredito porque trabalhando no coração do mercado financeiro de São Paulo e estando exposto aos inúmeros ruídos que aparecem no dia-a-dia, é muito fácil cair na tentação de focar apenas no curto prazo.

Focar no longo prazo, é difícil. Quem nunca começou uma dieta e ficou chateado quando percebeu que nada mudou em apenas duas semanas de foco intenso na musculação? Se focar no longo prazo fosse fácil, todo mundo faria. Vale para dieta, mas vale para os investimentos.

A aula que eu assisti recentemente foi a que Li Lu deu em 2006 para os alunos da Columbia Business School, o berço do Value Investing

Li Lu é o fundador da Himalaya Capital, um fundo de investimento focado na China com sede em Seattle. Munger chamava Li de o Warren Buffett chinês e era a única pessoa, além de Warren Buffett, que Charlie Munger confiava o seu dinheiro – nas palavras dele mesmo. Ele basicamente era o cara do Munger quando se tratava de investimentos na Ásia.

Essa aula de quase 2 horas é um verdadeiro tesouro para aqueles que, assim como eu, admiram e acreditam na filosofia value investing. Nas próximas linhas, vou reforçar alguns princípios dessa filosofia que foram compartilhados por ele.

Para ele, as três características que realmente definem um value investor são: (i) a sua capacidade de acreditar que ao comprar uma ação, você se torna dono de um negócio, (ii) a sua disciplina de somente comprar uma ação se ela oferecer uma enorme margem de segurança, e (iii) o fato de você se comportar de maneira diferente da grande maioria.

Você acha que é dono de um negócio ao invés de ser dono de um pedaço de papel. Como você é dono de apenas uma pequena parte de um negócio que você não controla, é quase autodefesa exigir uma grande margem de segurança já que qualquer valor que você perceba pode não existir uma vez que você não pode controlá-lo. E você simplesmente não se importa em negociar essa participação o tempo todo. O mercado de ações não é criado para você que acredita que é um investidor com cabeça de dono. 

Para ele, nem todas as pessoas estão dispostas a ser um value investor porque ser um value investor significa fazer o que a maioria das pessoas não faz. E, é muito difícil não seguir a maioria pelo simples fato do ser humano existencialmente ter a necessidade de ser aceito dentro de um grupo. 

Nesse sentido, o grande segredo para se tornar um value investor é o de entender o tipo de investidor que você é, porque cedo ou tarde você será testado.

“Por que 95% das pessoas não fazem o que vocês [alunos de Columbia] estão aqui tentando fazer apesar do sucesso espetacular de Warren Buffett e Charlie Munger? Porque o mercado não foi criado para vocês. Ele foi criado para a maioria que acredita que para ganhar dinheiro você precisa comprar e vender o tempo todo. Seu maior desafio é realmente entender se você faz parte dos 5% ou 95% das pessoas. Vocês até podem achar que por estarem aqui, estudando, fazem parte dos 5%, mas vocês ficariam surpresos de saber como a maioria dos chamados ‘investidores profissionais’ operam. Você realmente tem que estar muito confortável sendo você mesmo.” 

Além de se conhecer muito bem, o value investor precisa ser curioso a ponto de passar a maior parte do seu tempo sendo praticamente um pesquisador acadêmico ou mesmo um jornalista. 

“Você precisa ter uma curiosidade insaciável. Você precisa tentar descobrir como quase tudo funciona porque quanto mais você sabe, melhor você é como investidor. Você só precisa ser naturalmente interessado e curioso sobre quase tudo. E sobre qualquer tipo de negócio: política, ciência, tecnologia, história da humanidade, poesia, literatura, tudo realmente te ajuda.”

Ao ser curioso você vai querer entender quais são os ativos da companhia, que lucro a empresa é capaz de entregar, por que o mercado não gosta de determinada empresa, quem são os executivos e qual a história deles. Se necessário vai entrevistar a vizinhança onde mora e mesmo participar dos encontros na Sinagoga – Li Liu fez isso. A maioria dos investidores não faria isso, mas os 5% que ganham dinheiro de verdade, fazem. 

E quando encontrar uma dessas grandes e raras oportunidades, a recomendação dele é:

As oportunidades não aparecem com muita frequência, então quando elas aparecem você tem que agarrá-las. Você não tem a obrigação de comprar, mas quando a oportunidade aparece você tem que pular nela.

Para mais conteúdos assim, assine a CompoundLetter, nossa newsletter com insights, bastidores da Bolsa, análises econômicas e de ações, histórias do mercado e muito mais.

Compartilhe

Matheus Soares
Por Matheus Soares

Fundador do Market Makers, analista responsável pela Carteira Market Makers de Ações. Antes de fundar o MMakers, foi analista responsável pela cobertura de Small Caps na XP Inc e analista fundamentalista da Rico Investimentos. Certificado no curso de Value Investing da Columbia Business School.

matheus.soares@mmakers.com.br