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Que venha o último trimestre do ano

O Market Makers FIA completou 2 anos e aprendemos muito neste período.

Matheus Soares

Por Matheus Soares

07 Oct 2024 11h33 - atualizado em 07 Oct 2024 11h33

Que venha o último trimestre do ano

Chegamos ao fim do 3º trimestre de 2024 e nesse período o Market Makers FIA teve um retorno positivo de 14%, ante +6% do Ibovespa e +1% do Índice Small Caps. Apesar do ótimo trimestre, o MMakers FIA recua 6% no ano, enquanto o Ibovespa e Small Caps caem 2% e 14%, respectivamente. Ainda que não seja um fundo de small caps, mais de 60% da carteira é composta de small caps, sendo que atualmente carregamos uma parcela de 18% em caixa após algumas mudanças realizadas ao final de setembro. 

As principais contribuições do trimestre foram Valid e Vivara, que somadas responderam por 60% do retorno no período. Ambas soltaram resultados operacionais acima das expectativas no segundo trimestre e viram suas ações acompanharem a dinâmica de crescimento de lucros e carregam expectativas ainda melhores para os trimestres que estão por vir, inclusive, já no 3T24. As duas empresas continuam sendo posições importantes da carteira. 

Em Valid, vemos uma empresa capaz de entregar algo entre R$ 1,8 e R$ 2,0 bilhão de receita líquida no ano, com uma margem Ebitda que oscila entre 20-25% e um CAPEX na casa de R$ 100 milhões. Com alguma previsibilidade, conseguimos estimar que 15% do atual valor de mercado da empresa deve retornar para o bolso do acionista, seja através de proventos, seja através de recompras de ações. Isso sem levar em conta a capacidade da empresa de criar novas receitas, possibilidade que ficou evidente após os resultados do primeiro semestre. Negociando a menos de 4x Ebitda e com caixa líquido de R$ 137 milhões, a Valid nunca esteve tão saudável e preparada para crescer de maneira sustentável.

Já o caso de Vivara foi mais desafiador. Aliás, tem sido um ano turbulento para o acionista da maior rede de joias do Brasil. A Vivara saiu de queridinha do mercado para empresa non grata num curto espaço de tempo após a renúncia do CEO e volta de Nelson Kaufman, fundador da Vivara, ao cargo de CEO e posteriormente mudança para o cargo de presidente do Conselho de Administração. 

Estudamos muito o que fazer com a nossa posição em Vivara durante toda essa turbulência e, por acreditarmos que as vantagens da empresa iriam prevalecer apesar dos discursos do fundador, aproveitamos o momento para dobrar a posição de Vivara na Carteira Market Makers. Após uma videoconferência desastrosa, Nelson Kaufman voltou atrás em várias de suas declarações – como por exemplo a internacionalização – e o operacional da companhia tem ido muito bem, fruto, inclusive, das iniciativas do Nelson de aumentar a internalização dos produtos e os estoques das lojas. Vimos uma onda de revisões positivas do sell side para os próximos trimestres e achamos que a empresa poderá superar essas expectativas.

Do lado negativo, dois detratores de resultado no acumulado do ano foram Simpar e Azul, que mesmo sendo posições pequenas impactaram ao todo a cota da carteira em 4,7 pontos percentuais. Ao longo do ano, a deterioração do ambiente macroeconômico fez com que a projeção da Selic mudasse gradualmente de queda, passando para manutenção até virar para alta de juros. Isso impactou drasticamente o investimento, dado o nível de alavancagem destas companhias

Sentimos na pele o risco de se investir em empresas alavancadas no Brasil. As duas empresas já não fazem parte do fundo e apesar do retorno negativo auferido com elas, a análise post mortem que eu e Salomão fizemos é que a perda de capital machucou, mas a filosofia da nossa carteira se fortaleceu. 

Estamos focados em encontrar empresas que combinam atributos que, após inúmeras reflexões, julgamos serem essenciais para que possam fazer parte da nossa carteira: i) os resultados operacionais precisam ser minimamente previsíveis, ii) a empresa precisa ter uma estrutura de capital adequada, iii) o retorno sobre o capital investido precisa ser elevado ou crescente, iv) e a empresa precisa ter espaço para continuar investindo no próprio negócio. 

Antes de qualquer empresa entrar na carteira, recorreremos à provocação de Warren Buffett:

“Eu poderia melhorar seu bem-estar financeiro dando a você um bilhete com apenas 20 espaços livres que representasse todos os investimentos que você poderia fazer em uma vida. E, uma vez que você usasse todos os espaços, não poderia fazer mais nenhum investimento. Sob essas regras, você realmente pensaria com muito cuidado sobre o que faria, e seria forçado a investir pesado no que realmente valesse a pena. Você se sairia muito melhor.”

O Market Makers FIA completou 2 anos e aprendemos muito neste período. Talvez o aprendizado mais recente (e, talvez por isso, o mais forte) é que a filosofia de investimento é um processo eterno e constante de aprimoramento. Os acertos e os erros nestes últimos meses foram fundamentais para solidificar nossos princípios sobre quem queremos (e quem não queremos) ser no mercado.  

Nestes dois anos, o Market Makers FIA tem rentabilidade líquida de 19,6%, praticamente empatado com o Ibovespa e 25 pontos acima do índice Small Caps.

Obrigado a cada um dos cotistas que nos deu um voto de confiança para este que é o projeto de nossas vidas.

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Matheus Soares
Por Matheus Soares

Fundador do Market Makers, analista responsável pela Carteira Market Makers de Ações. Antes de fundar o MMakers, foi analista responsável pela cobertura de Small Caps na XP Inc e analista fundamentalista da Rico Investimentos. Certificado no curso de Value Investing da Columbia Business School.

matheus.soares@mmakers.com.br