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Os alquimistas da Bolsa: lucrando com a queda
A estratégia de short em ações é como como transformar metais desvalorizados em ouro, uma verdadeira alquimia
O episódio #99 me resgatou “fortes emoções” de uma operação que, até meados de 2022, nunca havia feito na minha carteira de investimentos: o short.
Na época, via um velório na festa do IPO do Nubank. A dificuldade de monetização dos clientes, o valuation esticado, o aumento da inadimplência e o fato de até aquele momento não ter tido lucro contrastavam com toda a euforia do mercado.
Dito e feito: ganhei dinheiro apostando na queda das ações.
Gosto de chamar essa prática de alquimia da Bolsa. Afinal, assim como os alquimistas buscavam transformar metais comuns em ouro na idade média, um investidor que faz short selling procura transformar uma situação de queda em uma oportunidade de lucro.
É fazer do limão uma limonada (o que pode ser interessante em momentos de crise).
Desde então, nunca mais fiz uma operação como essa, mas confesso que o papo do Salomão com Bruno Rignel sobre short ressuscitou o interesse em monitorar oportunidades de operar na ponta vendida, ou, aproveitando a metáfora, em nutrir o espírito de alquimista no mercado.
Rignel é CIO da Alpha Key, gestora de investimentos responsável pelo fundo Alpha Key Long Short FIC FIM, focado em posições compradas e vendidas em ações.
Lançado em setembro de 2023, o investimento acumula um retorno de 9.80% contra 7,11% do CDI desde o início. É por isso que convidamos Rignel para compartilhar suas teses e estratégias de como lucrar apostando na queda dos papéis na Bolsa.
Na conversa, Rignel recorre à genial simplicidade de Charlie Munger para explicar uma das bases na hora de tomar decisões. O falecido sócio de Warren Buffett dizia que, para investir numa ação, primeiro é preciso apresentar o incentivo para, assim, mostrar o resultado.
Em outras palavras, ele quis dizer que o comportamento humano é um ponto central no desempenho de um ativo, inclusive ao investir em sua desvalorização.
“Buscamos compreender profundamente os negócios e a cabeça dos empresários que tomam as decisões. Afinal, quando a gente entra numa ação, estamos terceirizando o capital para um executivo, associando-se a alguém que vai trabalhar com o dinheiro tanto dos acionistas quanto dos credores”, conta Rignel.
“Entender as pessoas e um pouco da psicologia por trás da precificação dos ativos é uma coisa que, muitas vezes, ajuda no short. Um dos grandes problemas nas finanças é que as próprias pessoas são suficientes para mudar o resultado. Se todo mundo aqui passar a acreditar que o sol não vai nascer amanhã, isso não mudará a probabilidade de o sol não nascer amanhã. Mas, em finanças, o sol pode não nascer”, completa.
Teses
Na conversa, Rignel falou sobre as empresas em que está vendido e por que acredita que elas não valem o preço que estão atualmente – o que, segundo ele, não significa que ache a empresa ruim.
O gestor da Alpha Key mostra também como a estrutura de capital errada, com despesas financeiras que não fazem sentido, podem gerar discrepâncias de valor interessantes na busca por retornos positivos no mercado.
Algumas das teses comentadas por Rignel foram:
- Direcional (DIRR3) X MRV (MRVE3);
- Localiza (RENT3) X Movida (MOVI3);
- Grupo Casas Bahia (BHIA3);
- Pão de Açúcar (PCAR3);
- Infracommerce ( IFCM3); e
- Randon (RAPT4).
Mas não para por aí. Durante o episódio, você vai conhecer:
- A história de Bruno Rignel no mercado financeiro;
- A estratégia de investimento da Alpha Key;
- Todas as lições tiradas do último ciclo de IPOs na Bolsa brasileira;
- As diferentes maneiras de operar vendido na Bolsa;
- As posições vendidas da Alpha Key;
- A influência dos resgates na queda dos preços das ações;
- As indicações de Rignel de livros, música e novos convidados para o podcast.
Como eu disse, esse episódio resgatou em mim a vontade de fazer o que chamo de “alquimia na Bolsa”. Pode ser que desperte esse interesse em você também. Assista clicando aqui.