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Nossa jornada como investidores do Mercadolibre

A empresa é uma das principais posições da gestora

Por Matheus Soares

28 Feb 2023 10h07 - atualizado em 28 Feb 2023 02h29

por Aster Capital

A Aster Capital teve 2 de seus sócios fundadores, Rodrigo Nasser e Marcello Silva, no episódio 32 do Market Makers, para destrinchar o modelo de negócios do Mercadolibre (MELI). Como sequência do episódio, aproveitaremos a CompoundLetter de hoje para explorar como o MELI nos ajudou a evoluir como investidores.

O Mercadolibre (MELI) é uma empresa fantástica de se estudar. É uma empresa de tecnologia com a ambiciosa missão de democratizar o comércio e os serviços financeiros para 600 milhões de pessoas da América Latina – região com desafios fiscais, políticos e econômicos únicos no mundo. O MELI tem conseguido usar suas habilidades para atacar as principais fontes de lucro da região, o que exige tempo para que os investidores tenham um correto entendimento da empresa e dos seus diferentes mercados de atuação.

O tempo dedicado em MELI nos trouxe três efeitos colaterais valiosos: (1) aprendemos abordagens de modelos de negócios que depois incorporamos em outras empresas; (2) passamos a ter referências importantes de estratégia e comunicação com o mercado; (3) e absorvemos insights importantes sobre a disrupção em indústrias que acompanhamos de perto, tais como vestuário, animais de estimação etc.

Em nossa jornada como investidores, deparamo-nos com uma miríade de formas sobre como as empresas se comunicam com o mercado e como reagem aos comentários de investidores – principalmente, quando existe alguma movimentação no preço da ação. Nesse sentido, ao longo dos anos, o MELI tomou decisões que, para nós que estamos de fora, pareciam ser muito difíceis do ponto de vista de alocação de capital pelas consequências de curto prazo. Olhando em retrospectiva, muitas dessas decisões se provaram corretas e aderentes à missão da empresa.

Como, por exemplo, o investimento massivo em logística: o Meli deixou de ser uma empresa lucrativa – e com margens muito altas – e durante muitos trimestres seguidos operou com relevantes prejuízos contábeis. A visão de longo-prazo e a comunicação clara e consistente da companhia foi essencial para reforçar ainda mais a base de acionistas com sócios que compartilham da mesma visão.

Foi um aprendizado vivenciar o que uma comunicação assertiva, consistente e clara é capaz de proporcionar em um momento tão importante e de questionamentos tão intensos sobre a capacidade da companhia.

É parte do processo de análise investir muito tempo estudando teorias de gestão, frameworks de trabalho e metodologias de negócios. No MELI, pudemos ver duas dessas teorias se converterem em prática, assim como acompanhar a “tropicalização” delas ao longo de sua implementação na América Latina.

A primeira delas é que o MELI é, e se posiciona como uma empresa de tecnologia, apesar do foco inicial em comércio eletrônico passar uma percepção diferente para quem está fora da empresa. Toda empresa que passa por um processo de transformação digital ou que seja de tecnologia – ainda que a entrega do serviço ou produto não seja por si só ‘de tecnologia’ – têm dificuldades na contratação de pessoas dedicadas a esse processo.

Nesse vídeo o diretor de engenharia de software do Meli explica o processo de evolução de gestão de engenharia da empresa. Um terço dos participantes da empresa são da área de tecnologia, ou seja, o modelo de gestão da empresa é mais parecido com uma empresa de software do que com uma empresa de varejo, o que faz com que a forma de se avaliar e entender a empresa precise ser adaptada a isso.

A outra teoria que pudemos tangibilizar no MELI são os famosos “efeitos de rede”, que um modelo de gestão de plataforma é capaz de gerar. É muito mais fácil falar sobre os “efeitos de rede” do que efetivamente criar um negócio rentável por meio desses efeitos, mas o MELI conseguiu. Em nossa mais recente carta aos investidores, abordamos um dos principais efeitos de rede criado pelo modelo de plataforma do Meli: a sua estratégia em Digital Advertising e como a empresa é capaz de usar as capacidades construídas ao longo do tempo para adicionar uma nova (grande) unidade geradora de lucro. Neste podcast, o head comercial do Mercado Ads traz mais informações sobre o tema, e neste texto temos uma abordagem bastante aderente à análise de MELI como modelo de negócio.

Colocar essas competências em ordem e entender como uma ajudou a outra, foi essencial para aprofundar nosso conhecimento em MELI e ainda nos ajudou a segurar a posição ao longo dos vários testes de convicção pelos quais o mercado nos faz passar diariamente.

Hoje, o MELI não só é uma das nossas principais posições, como também é um importante fator de risco em diversos outros negócios que cobrimos ou investimos.

Um abraço,

Time Aster Capital

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Por Matheus Soares

Fundador do Market Makers, analista responsável pela Carteira Market Makers de Ações. Antes de fundar o MMakers, foi analista responsável pela cobertura de Small Caps na XP Inc e analista fundamentalista da Rico Investimentos. Certificado no curso de Value Investing da Columbia Business School.

matheus.soares@mmakers.com.br