Notícia

3min leitura

O poder do longo prazo

A regra número um é não perder dinheiro

Por Gabriel Rosenbaum

22 mar 2024 13h52 - atualizado em 22 mar 2024 01h52

Na CompoundLetter da semana passada eu citei o investidor Jim Simons, gestor do fundo quantitativo Medallion, o qual teve um retorno tão alto ao ponto de transformar um dólar investido no ano 1988 (data de criação do fundo) em 42 mil dólares trinta anos depois. Para efeitos de comparação, o mesmo dólar investido na Berkshire Hathaway teria virado 152 dólares no mesmo período – o que não deixa de ser um retorno excelente.

O que eu não contei é que o patrimônio de Warren Buffett (US$ 117 bilhões) é quase quatro vezes superior ao de Jim Simons (US$ 31 bilhões). Embora contraintuitivo à primeira vista, o que explica essa diferença é o efeito dos retornos compostos, dado que Buffett começou a investir aos dez anos enquanto Jim Simons obteve seus retornos extraordinários somente depois dos 50 anos. Aos trinta anos o Oráculo de Omaha já tinha alcançado um patrimônio de um milhão de dólares, o que corrigindo pela inflação dá quase 10 milhões de dólares hoje.

Mas o exemplo de Buffett também serve como prova de que não adianta começar a investir cedo sem uma filosofia de longo prazo. Trago aqui uma curiosidade: você sabia que além de Warren Buffett e Charlie Munger, a Berkshire já teve um terceiro acionista no passado? Este era Rick Guerin, que segundo Buffett era tão inteligente quanto ele e seu braço direito. O problema é que Rick tinha muita pressa em ficar rico, e ele tomou dívidas para aumentar sua exposição em ações. Então veio a crise do mercado de ações em 1973 e para pagar suas dívidas Rick se viu obrigado a vender suas ações, incluindo ações da Berkshire Hathaway, as quais foram compradas por Buffett por preços muito baixos.

Investir com foco no longo prazo, não perder dinheiro, não tomar decisões com base em emoções, ter disciplina, ter paciência para se aproveitar do efeito dos retornos compostos são lições que todo investidor deve ter escutado em diversas ocasiões. Porém, na prática é difícil seguir à risca todas essas lições, pois constantemente somos bombardeados por todos os tipos de notícias, sendo muito difícil distinguir o que é ruído do que é sinal, ainda mais no Brasil.

Por este motivo trouxemos no episódio #89 Frederico Vontobel, um value investor assíduo, que tem como inspiração para sua filosofia de investimentos os ensinamentos de Buffett e Benjamin Graham (conhecido por ser o pai do value investing) – tanto que em 2016 ele criou um clube de investimentos que recebeu o nome de GBV, as iniciais de Graham, Buffett e Vontobel. Frederico é gestor e fundador da Vokin Investimentos, gestora de Porto Alegre com R$ 2,7 bilhões sob gestão que tem conseguido bons resultados e captado mesmo em meio ao momento difícil vivido pela indústria de fundos nos últimos anos.

A importância da filosofia de investimentos é tão importante para Frederico que ele pretende ir para Omaha neste ano pela sua oitava vez seguida para ouvir o que o Warren Buffett tem a dizer no encontro anual da Berkshire. Nas palavras dele: “eu vou para Omaha de novo para não esquecer o que realmente importa, lembrar de seguir a disciplina e não cair na tentação de inventar, não especular e pensar a longo prazo”.

Ficou evidente como Frederico está constantemente lendo sobre value investing para ter disciplina no dia a dia e tomar as melhores decisões, relacionando conceitos de diversos investidores ao longo de todo o episódio – para mim isso ficou ainda mais claro quando ele citou um detalhe que eu não lembrava do livro que estou lendo. 

Para mostrar na prática como ele aplica sua filosofia de investimentos na Vokin, ele ainda apresentou algumas teses da carteira como Minerva, Suzano, 3R, Iochpe-Maxion, entre outras.

Se você ainda não assistiu ao episódio, clique aqui.

Compartilhe

Por Gabriel Rosenbaum

gabriel.rosenbaum@empiricus.com.br