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Por que somos monotemáticos

Small Caps são o nosso diferencial

Thiago Salomão

Por Thiago Salomão

21 Aug 2023 14h24 - atualizado em 21 Aug 2023 02h24

Por que somos monotemáticos

Eu e Renato estivemos no Rio de Janeiro sexta-feira para um evento muito especial: a LMF (Liga do Mercado Financeiro) da Puc-Rio nos convidou para mediar um painel com ninguém menos que Guilherme Aché, da Squadra, e Florian Bartunek, da Constellation.

A sala que fizemos a palestra rapidamente lotou. Por duas horas, falamos sobre o momento do mercado e filosofia de investimentos. O Florian focou em explicar como encontrar as empresas que serão as grandes vencedoras no longo prazo. Já o Aché falou por que atualmente a parcela “short” do fundo dele está nos maiores patamares da história da gestora.

Não trarei mais spoilers, aguarde o episódio do Market Makers sobre essa palestra, que vai ao ar somente na semana que vem (para os assinantes da Comunidade Market Makers, liberaremos nesta semana).

O que eu quero compartilhar com todos os 4 leitores desta newsletter é um insight que extraí das conversas que fizemos no Rio – além da palestra com Florian e Aché, visitei duas assets super reclusas, daquelas que se orgulham de não aparecer publicamente.

O insight é sobre foco. Ele bateu forte em mim. Talvez porque hoje muita coisa boa e nova está acontecendo com o Market Makers. Na posição de fundador/CEO que ocupo, não tenho o que reclamar quando se trata de perspectivas de business; por outro lado, isso me puxa para cada vez mais coisas que não eram meu core business, que sempre foi muito claro em “focar nossas análises de investimentos em small caps e nosso conteúdo aberto em discussões sobre temas macro ou ligados ao mercado de ações”.

Eu tenho um modelo mental que chamo de “ROE Pessoal”. Acho que tirei isso do documentário do Bill Gates no Netflix, mas a ideia é a seguinte: no “ROE Pessoal”, ao invés de investir dinheiro, investimos “tempo”, que é medido por horas. Todo terráqueo tem 24 unidades monetárias disso para usar todos os dias, a diferença é o que cada um faz com com elas.

A conta do ROE Pessoal é o que me ajuda a dizer mais “não” do que “sim”. O racional é simples: o retorno que terei em determinado projeto ou ideia me trará um retorno maior do que das minhas outras tarefas, ajustado às horas que “investirei” nele? Se a resposta for não, fica pra depois.

Lindo, na teoria. Mas na prática a teoria é outra: como saber o que é uma ideia que pode transformar seu negócio e o que é uma perda de tempo? Ainda mais no nosso caso, que somos uma startup (eu sei que esse termo é até cafona, mas é o que somos) cheia de opcionalidades e com praticamente nenhum benchmark. Quase tudo acaba soando como uma ótima oportunidade.

O fundador de uma das gestoras que visitamos no Rio de Janeiro me trouxe um insight legal sobre isso. Focada em ações e com estratégias super vencedoras no longo prazo, ele nunca abraçou a sedutora ideia de criar novas estratégias, que fugiam do seu escopo principal.

O motivo é justamente a perda do foco que isso causaria. Por mais que ter novas estratégias possam te trazer conhecimentos que poderiam ser aplicados no seu dia-a-dia, quantas horas isso ocuparia da sua rotina? E essa troca compensaria? A conclusão dele foi que não e, por isso, manteve-se nas estratégias de ações.

A ideia aqui não é defender que toda gestora precisa ser monotemática ou focar somente em uma estratégia. Temos muitas Kapitalos, Ibiúnas e SPXs para provar que é possível diversificar o business e continuar consistente e vencedora. No entanto, o foco torna-se fundamental para te manter competitivo e gerar um diferencial antes de pensar em diversificação.

O mercado financeiro é um ambiente super competitivo, com pessoas inteligentes olhando para a mesma coisa em busca de uma oportunidade. Se você trabalha 30% a menos do que os outros, significa que você acredita ser 30% mais produtivo do que eles. É difícil isso, né?”, disse o gestor.

Florian e Aché trouxeram algo complementar no episódio que você ouvirá na semana que vem (ou nesta semana, se você for assinante da Comunidade Market Makers). O Florian citou a Matriz de Eisenhower, que separa nossas tarefas em 4 possibilidades: importantes e urgentes (foque nelas), importantes e não urgentes (agende para fazer), não importantes e urgentes (delegue) e não importantes e não urgentes (descarte). A imagem abaixo fala por si:

Já o Aché reforçou a importância do foco de uma forma diferente: ao pedir a ele uma recomendação de livro de fora do mercado, a resposta foi: “não leio coisas de fora do mercado”. Embora ele disse que considera isso um defeito, Aché explica que a competitividade no mercado é tanta que ele precisa estar sempre focado em melhorar sempre dentro do seu universo de competência.

Toda essa reflexão sobre foco me fez olhar para dentro do Market Makers como business: sempre tivemos por convicção quase que teimosa focar nossos estudos apenas em ações – em especial, small caps. Isso não significa que nunca teremos uma carteira de fundos imobiliários, focada em dividendos ou algo do tipo: o ponto é que acreditamos (e estamos provando isso) que podemos gerar um diferencial focando os estudos neste grupo de empresas. Tão simples quanto isso.

Preferimos ser obcecados com as 13-14 empresas da nossa carteira do que ter uma vaga opinião sobre 200 ações da bolsa. É aí que enxergo um “ROE pessoal” maior, para nós e para a empresa.

Ter essa chancela indireta dos gestores cariocas nos leva a acreditar que estamos no caminho certo.

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Thiago Salomão
Por Thiago Salomão

Fundador do Market Makers, analista de investimentos CNPI-P, MBA em Mercados Financeiros na Fipecafi e na UBS/B3. Antes de fundar o MMakers, foi editor-chefe do InfoMoney, analista de ações na Rico Investimentos, co-fundou o podcast Stock Pickers e foi sócio da XP de 2015 a 2021

thiago.salomao@mmakers.com.br